OS DESAFIOS DO DIAGNÓSTICO E MANEJO DA SÍNDROME DA ARDÊNCIA BUCAL: UMA REVISÃO DE LITERATURA

Abstract

A Síndrome da Ardência Bucal (SAB), também conhecida como glossodinia, é definida como uma dor orofacial idiopática com queimação intraoral recorrente diariamente por mais de 2 horas por dia e mais de 3 meses, sem quaisquer lesões causadoras identificáveis, com ou sem alterações somatossensoriais, que acomete, principalmente, mulheres de meia-idade na peri ou pós-menopausa e idosos. A SAB tem uma patogênese complexa envolvendo fatores psicogênicos e dor periférica e central desregulada, não existindo um protocolo de tratamento padrão, tornando o seu diagnóstico e manejo desafiadores. O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão narrativa da literatura sobre a SAB, abordando sua identificação e as possibilidades terapêuticas. Foram coletados artigos de revisão e estudos clínicos controlados e randomizados cujo texto completo era disponível, publicados entre os anos 2017 a 2022 em revistas nacionais e internacionais, a partir das bases PubMed e SCIELO, além de livros e manuais da OMS. Como estratégia de busca, as palavras-chave “síndrome da ardência bucal”, “tratamento” e “diagnóstico” foram utilizadas, totalizando 42 trabalhos. Destes, após aplicar os critérios de exclusão, 34 artigos foram selecionados. Os trabalhos apontam que a realização de uma anamnese abrangente e minuciosa é fundamental para excluir fatores secundários levando ao correto diagnóstico da SAB. Esta anamnese deve validar a história médica e psicológica do paciente, que deve estar ciente de que esta síndrome é multifatorial. Além disso, uma anamnese abrangente direciona o melhor manejo considerando uma combinação de terapias neuropáticas e paliativas (como o uso de anticonvulsivantes, antidepressivos, terapia comportamental, fitomedicina e laserterapia), que visa controlar, eliminar e/ou minimizar a sintomatologia dolorosa, tratando o paciente de forma holística e individualizada e não a doença em si, uma vez que esta patologia não tem cura. Em conclusão, considerando o impacto da SAB na qualidade de vida, é necessário que mais estudos sejam realizados para ampliar as estratégias de diagnóstico e tratamento, visando complementar os tratamentos farmacológicos e não farmacológicos já existentes, observando a influência que os mecanismos biopsicossociais e neurofisiológicos possuem nesta síndrome.