CARCINOMA ESPINOCELULAR AFETANDO SOALHO DE BOCA – RELATO DE CASO

Abstract

Paciente do gênero masculino, 66 anos, compareceu ao ambulatório de Estomatologia encaminhado com a queixa principal de “ferida no soalho de boca que não cicatriza”. Na historia da doença atual, ele observou uma lesão àspera no soalho de boca e iniciou o tratamento com Omcilon-A orabase. Após três semanas de acompanhamento, não houve mudança e procurou um especialista. Paciente era fumante (mais de um maço por dia) desde adolescência. Ao exame físico intraoral foi observada uma lesão ora eritematosa ora erosiva na porção média do soalho de boca, se projetando para o lado esquerdo, atingindo aproximadamente 1cm de diâmetro. A lesão era assintomática, porém o paciente sentia àspera a região. Após uma semana de acompanhamento e uso de corticóide tópico (propionato de clobetasol 0,05%), não houve regressão da lesão. Diante da suspeita de lesão maligna, foi feito uma biópsia incisional da lesão e o diagnóstico final foi de carcinoma espinocelular. O paciente foi encaminhado para Equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, onde foi submetido à ressecção da lesão e reconstrução microcirúrgica com enxerto ósseo e cutâneo do braço e esvaziamento ganglionar submandibular do lado esquerdo. Ao longo de 3 anos foram realizados acompanhamentos, sem recidivas e metástases e o paciente realizou reabilitação com prótese sobre implantes. O presente caso ilustra a importância do diagnóstico precoce do câncer de boca, considerando que ele ocupa o quinto lugar em ocorrência dentre os cânceres humanos e, no ano 2020, o 43,48% de casos resultaram em óbito, segundo os últimos dados epidemiológicos do brasil. Por fim, é fundamental que o cirurgião-dentista identifique as caraterísticas de normalidade da cavidade bucal, pois diante de qualquer alteração deverá ser encaminhado ao especialista que fará uma biópsia, obtendo uma maior chance de prognóstico favorável.