PERCEPÇÕES DE PROFISSIONAIS E USUÁRIOS QUANTO AOS SERVIÇOS DE UM CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS

Abstract

Os Centros de Atenção Psicossocial integram a Rede de Atenção Psicossocial no Sistema Único de Saúde e oferecem serviços à indivíduos com sofrimento ou transtorno mental, preconizando o tratamento em liberdade, a autonomia e o protagonismo dos mesmos. Uma de suas modalidades, os Centros de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (CAPS AD), volta-se para o tratamento de indivíduos que fazem o uso prejudicial de substâncias psicoativas, tendo como norte os princípios da Redução de danos, modelo fundamentado na defesa de direitos humanos e na universalização do acesso de saúde, a fim de minimizar os impactos biopsicossociais relacionados ao consumo de drogas. Sendo assim, a Redução de danos se insere no contexto da Reforma Psiquiátrica e se contrapõe às políticas proibicionistas, marcadas pelo seu caráter autoritário e baseadas em concepções patologizantes e criminalizadoras, que contextualizam os processos de exclusão social dos usuários, atravessando as relações sociais e dificultando o acesso à direitos. Tendo isso em vista, a presente pesquisa, de caráter qualitativo, teve como objetivo explorar as percepções de profissionais e usuários quanto ao serviço de um Centro de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas. A coleta de dados consistiu na aplicação de entrevistas semiestruturadas com seis usuários e cinco profissionais da equipe de referência em saúde mental de um CAPS AD, que foram norteadas a partir de um roteiro com os principais tópicos relevantes aos objetivos da pesquisa. A análise de dados foi organizada de acordo com as categorias baseadas no roteiro norteador, sendo elas: acolhimento, participação dos atores envolvidos no acompanhamento terapêutico e concepções sobre os objetivos dos serviços. Como resultados, foi possível observar resistências importantes dos profissionais quanto a redução de danos; dificuldades do serviço quanto a ações que promovam atenção às famílias dos usuários; limitações na execução de ações articuladas com outros dispositivos. Além disso, notou-se que os usuários percebem o serviço como um espaço importante de acolhimento; entendem o CAPS como importante para a sua melhora; apresentam expressões que estão diretamente associadas a processos de vulnerabilização e estigmatização. Desse modo, entende-se que foi possível compreender algumas dificuldades e possibilidades associadas à consolidação de uma política orientada pelos princípios da Reforma Psiquiátrica, tendo em vista as limitações do estudo.