REAÇÃO TECIDUAL APÓS IMPLANTE SUBCUTÂNEO DE UM BIOMATERIAL COMPOSTO POR CELULOSE BACTERIANA INCORPORADO A HIDROXIAPATITA

Abstract

Um biomaterial que vem sendo estudado para compor substitutos ósseos é a celulose bacteriana (CB). A CB é obtida principalmente de culturas de bactérias Gram- negativas como Acetobacter xylinum (Gluconacetobacter xylinus). Apresenta alto módulo de elasticidade e de tensão, além da alta cristalinidade devido às nanofibras em rede tridimensional, presentes na sua estrutura. A grande quantidade de grupos hidroxila na superfície da CB permite a síntese de nanopartículas. Com isso, nanopartículas de hidroxiapatita (Hap) tem sido sintetizadas na matriz de CB, constituindo-se assim, um novo biomaterial CB/HAp que pode ser usado como substituto ósseo. Uma das primeiras etapas de testes de novos materiais para uso clínico são os testes de bicompatibilidade. Dentre esses, a resposta tecidual frente ao implante subcutâneo fornece importantes informações sobre a resposta geral do organismo através do padrão inflamatório observado. Dessa forma, o estudo da resposta tecidual desse novo biomaterial faz-se necessário e de grande valia para futuras aplicações como substitutos ósseos para procedimento de reconstrução óssea. Foram utilizados 18 ratos machos (Rattus norvegicus, Wistar) os quais sofreram, cirurgicamente, 3 incisões no dorso do animal para implante subcutâneo dos materiais a serem testados: CB, CB/Hap e PTFE (Politetrafluoretileno) material comercial, comprovadamente biocompatível. Após período de 7,15 e 60 dias, 6 animais foram submetidos a eutanásia, e a reação tecidual analisada microscopicamente, observando a presença de necrose, de cápsula fibrosa, células inflamatórias. Foram registradas 6 imagens de cada lâmina, nas quais foram contabilizadas a quantidade de células mononuclares, poliformonucleares e células gigantes, bem como a presença da cápsula fibrosa. Os dados quantitativos foram avaliados de acordo com um score pré- estabelecido e a comparação dos resultados foi realizado pelo teste não paramétrico Kruskall Wallis e foram considerados estatisticamente diferentes quando p<0.05. Não foram encontradas diferenças no padrão inflamatório dos materiais CB e CB/Hap em relação ao PTFE (p>0,05) sugerindo que CB e CB/Hap podem ser utilizados como biomateriais.