PAPEL DAS CÉLULAS B NA HANSENÍASE EXPERIMENTAL: AVALIAÇÃO DA MULTIPLICAÇÃO BACILAR E ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA DO COXIM PLANTAR DE CAMUNDONGOS NOCAUTES DE CÉLULAS B

Abstract

A hanseníase é uma doença infecciosa crônica que afeta principalmente a pele e o sistema nervoso periférico e cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae. Estudos sugerem o envolvimento das células B na patogênese na hanseníase, uma vez que o pólo virchoviano, no qual inúmeros bacilos são encontrados nas lesões, é caracterizado principalmente por uma resposta imune humoral. Porém, estudos recentes demonstram que as células B, além de produtoras de anticorpos, podem produzir citocinas, semelhantes às células T, sendo atualmente subdivididas em células B efetoras e B regulatórias. Assim, diante das novas possibilidades de atuação das células B, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência das células B na multiplicação do Mycobacterium leprae, em modelo experimental de hanseníase, utilizando camundongos nocautes de células B (BKO). Para isso 1x104 bacilos foram inoculados nos camundongos BKO e selvagens, conforme a técnica de Shepard. Após oito meses, os mesmos foram eutanasiados e as amostras coletadas (coxim plantar direito e pata esquerda) para análise da multiplicação bacilar (baciloscopia) e análise histopatológica. Para a realização da baciloscopia, após a obtenção dos bacilos, por meio da homogeneização do coxim plantar, lâminas foram confeccionadas e coradas por Ziehl Neelsen a frio. A contagem dos bacilos foi realizada por microscopia óptica, analisando-se 60 campos por lâmina. Quanto a análise histológica, os cortes foram corados com Hematoxilina & Eosina e Faraco – Fite para avaliar o infiltrado inflamatório e a presença dos bacilos, respectivamente. Os resultados obtidos neste estudo demonstraram diferença significativa na multiplicação do M. leprae, com maior número de bacilos nos camundongos BKO quando comparado ao grupo selvagem. Quanto a análise histopatológica, a presença do M. leprae no coxim plantar de todos os animais inoculados foi confirmada pela coloração Faraco-Fite. Adicionalmente, em ambos os grupos, observou-se a presença de granulomas desorganizados, com predomínio de macrófagos e poucos linfócitos. Porém, na análise quantitativa, quando comparou-se a quantidade de macrófago e linfócitos entre os grupos, não houve diferença significativa. Desta forma, os resultados obtidos demonstram que a ausência de células B favorece a multiplicação do M. leprae no coxim plantar de camundongos, porém, estudos adicionais são necessários para esclarecer as funções das células B na hanseníase experimental.