ANÁLISE DA VIABILIDADE CELULAR DO BIOFILME MICROCOSMO DE ESMALTE IRRADIADO E NÃO IRRADIADO IN VITRO APÓS TRATAMENTO COM DIFERENTES FORMULAÇÕES DE SALIVA ARTIFICIAL

Abstract

O câncer de cabeça e pescoço (CCP) é uma enfermidade com número de casos crescente no Brasil sendo a radioterapia o tratamento de maior eficácia para reverter sua evolução, porém ela pode prejudicar o funcionamento das glândulas salivares causando hipossalivação e, consequentemente, o desenvolvimento de cáries com progressão rápida mesmo após o término do tratamento. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes formulações de saliva artificial na viabilidade celular do biofilme microcosmo formado in vitro em esmalte irradiado e não irradiado, a partir de biofilme de participantes com CCP, submetidos à radioterapia, com hipossalivação e participantes saudáveis. Para tanto, foram utilizados espécimes de esmalte bovino irradiado e não irradiado (n = 108 blocos cada) divididos entre os Grupos A (participantes saudáveis) e B (participantes com CCP). O biofilme foi formado por 5 dias utilizando saliva McBain (2009) com sacarose a 0,2% (5% CO2, 37ºC) e, a cada 24 h, foi submetido por 60 s com as seguintes formulações: a) Apenas constituintes inorgânicos (SA); b) SA com cistatina de cana-de-açúcar CaneCPI-5 a 0,1 mg/mL (SA+Cane); c) SA com Hemoglobina a 1,0 mg/mL (SA+Hb); d) SA com CaneCPI-5 a 0,1 mg/mL e Hemoglobina a 1,0 mg/mL (SA+Cane+Hb); e) Fórmula comercial Biotène® (BTN). O Controle (CTR) com água também foi realizado. Ao final do período, o biofilme foi avaliado através do método da resazurina e os dados foram analisados por ANOVA a três critérios (p < 0,05). As análises evidenciaram uma interação significativa entre o tipo de biofilme e os tratamentos (p = 0,011). Além disso o biofilme do Grupo B demonstrou uma viabilidade celular (VC) reduzida em comparação ao Grupo A. Para o Grupo A nenhum dos tratamentos promoveu alteração significativa na VC em comparação ao CTR. Para o Grupo B, os tratamentos SA+Cane+Hb (p = 0,001) e BNT (p = 0,022) reduziram significativamente a VC em relação ao CTR. Logo, quando se pretende avaliar formulações de saliva artificial para pacientes com CCP é necessário a utilização do inóculo de biofilme específico deste grupo. Além disso, as proteínas CaneCPI-5 e Hemoglobina em associação se mostraram eficazes em reduzir a VC deste tipo de biofilme sendo potenciais candidatas para a inserção em formulações de saliva artificial para pacientes com CCP e com hipossalivação.