ANÁLISE DOCUMENTAL DE MATERIAIS AUDIOVISUAIS SOBRE A SEXUALIDADE DE PESSOAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

Abstract

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) são frequentemente infantilizadas ou marginalizadas das discussões e direitos sobre sexualidade, o que é enfaticamente criticado. Os estudos sobre a sexualidade de pessoas autistas são escassos e, muito comumente, os dados coletados com familiares, profissionais e outros sujeitos envolvidos em suas vidas. Assim, este trabalho teve como objetivo identificar e descrever aspectos da sexualidade de pessoas com TEA/SA a partir de materiais audiovisuais produzido por elas mesmas, respeitando as indicações do movimento da neurodiversidade sobre autorepresentação. A pesquisa propôs a análise documental de vídeos disponibilizados na plataforma online Youtube, com os critérios de inclusão da amostra: materiais no formato de vídeos disponibilizados pública e gratuitamente; língua portuguesa; protagonizados e produzidos por pessoas com TEA, com idade maior que 18 anos. Os materiais resultantes da busca com as combinações de palavras-chave “Autismo” e “Sexualidade, “Autista” e “Sexualidade”, “Asperger” e “Sexualidade”, “Autismo” e “Relacionamentos” e “Autismo” e “Sexo”, foram assistidos para confirmação de inclusão nos critérios estabelecidos. Após selecionado e organizado o material, os áudios dos vídeos foram transcritos para texto e tratados a partir da Análise de Conteúdos. Os resultados foram categorizados em três grandes eixos: 1) Descrição de aspectos particulares da sexualidade de pessoas autistas; 2) Relatos sobre a sexualidade no que se refere ao outro: relacionamentos sociais, sexuais e/ou amorosos; 3) Vivências de educação sexual. Os dados foram analisados a partir de literatura atual e relevante da área. No eixo 1 observou-se que a intersecção entre o espectro autista e o espectro da sexualidade produz vivencias múltiplas. Já o eixo 2 possibilitou entender a necessidade de programas de intervenção voltados para habilidades sociais, e a necessidade de pesquisas voltadas a dinâmicas de casal. Sobre o eixo 3 observou-se a importância de uma rede de apoio na educação sexual de pessoas com TEA, e melhor educação sexual ofertada por parte das escolas. Como sugestão para estudos futuros é necessário reforçar a necessidade da participação de pessoas neurodivergentes, o aumento no rigor de pesquisas qualitativas sobre o TEA, e abordagens diversas, como neuroqueer, no campo de pesquisas.