O CONFLITO ENTRE A CRENÇA E A RAZÃO: MAXIMILIEN ROBESPIERRE E JACQUES HÉBERT NA REVOLUÇÃO FRANCESA (1793 A 1794)

Abstract

Há 230 anos o debate entre a crença e a razão tomava o dia-a-dia dos revolucionários franceses, mobilizando disputas e conflitos entre os seus líderes, como o conflito entre o jacobino Robespierre e o cordeliere Jacques Hébert acerca dos cultos cívicos engendrados pelos mesmos durante a Revolução Francesa, respectivamente, o culto panteísta ao Ser Supremo e o culto da deusa Razão. A escolha destes dois revolucionários justifica-se não só pela contribuição que deram ao processo revolucionário francês como pelo legado deixado no imaginário coletivo sobre a Revolução Francesa. O objetivo deste artigo é constatar como se dá um debate entre crença e razão a partir do conflito político e ideológico entre dois líderes de uma Revolução que concretizou o primado da razão, Maximilien Robespierre e Jacques Hébert. Especificamente analisamos o papel central que o movimento hebertista desempenhou no surgimento das leis do Terror em 1793, sua ligação com o processo de descristianização durante a Revolução Francesa, assim como seus conflitos contra Robespierre, a partir dos cultos cívicos engendrados por ambos. Para a concretização desta pesquisa partimos de três discursos apresentados à Convenção Nacional por Robespierre, o primeiro em dezembro de 1793: “Sobre os princípios do Governo Revolucionário,” o segundo, em fevereiro de 1794, “Sobre os princípios de moral e política que devem guiar a Convenção Nacional na administração interna da República” e o terceiro, em maio de 1794, “Sobre as relações das ideias religiosas e morais com os princípios republicanos”, e edições do periódico Pére Duchesne escrito por Jacques Hebért entre 1790 e 1794, registros de suas falas e títulos dos seus jornais presentes no livro de Charles Brunet “Le Père Duchesne D'Hébert ou notice historique et bibliographique sur ce journal publié pedant les anneés 1790 , 1791 , 1792 , 1793 et 1794.” Os resultados encontrados atestam elementos de fanatismo político presentes nos discursos de cada um dos revolucionários, porém, não foram encontrados nenhum fator contundente que permitisse afirmar a presença de elementos de crença no sentido religioso nos discursos dos dois revolucionários